De persona non grata da Marinha brasileira a Herói da Pátria.
A partir do ano de 2007, João Cândido voltou a fazer parte das manchetes de jornais. Além de ter uma estátua inaugurada no Museu da República, foi aprovado um projeto de lei, o qual determinou a inscrição do seu nome no Livro dos Heróis da Pátria. Contudo, apenas em 2008, a Marinha brasileira liberou os arquivos de João Cândido, e em maio desse ano, lhe foi concedida anistia post-mortem.
A justiça tarda, mas não falha. Nesse ínterim, o inocente come o pão que o diabo amassou.
A história de João Cândido também chegou às páginas de quadrinhos.
Os artistas cearenses Olinto Gadelha Neto (roteiro) e Hemeterio (desenhos) contam em Chibata! – João Cândido e a revolta que abalou o Brasil (Conrad Editora, 224 páginas, R$ 39,90), belíssima graphic novel em preto-e-branco, toda a trajetória do “Almirante Negro”, utilizando-se, em algumas passagens, de licenças poéticas.
A narrativa é entrecortada por flashbacks, indo e voltando no tempo, enfocando desde a infância de João Cândido, na província do Rio Grande do Sul, até a década de 1950, no Rio de Janeiro, quando o jornalista cearense Edmar Morel, após alguns anos de pesquisa, coleta material para lançar o livro A Revolta da Chibata (1959).
O lápis de Hemeterio (que trabalhou muito bem as rachuras) traduz o roteiro, com estética cinematrográfica, de Olinto, fazendo-nos emocionar com o simples marujo negro, que se tornou um dos verdadeiros grandes heróis desse Brasil, tão carente de uma liderança firme, tranqüila e honesta; alguém que soube valorizar os seus e sua causa (justa), mesmo que sangue precisasse ter sido derramado.
Para quem curte História do Brasil revisitada ou para quem quer ler uma boa HQ Histórica, Chibata! é a pedida.
Sem sombra de dúvidas, é o lançamento nacional do ano.
Texto publicado no e-zine Asfixia, em 1° de novembro de 2008.
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