sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Tiras históricas

Fazer piada com personagens históricos é bacana, pelo menos eu acho. Se você também curte, basta acessar o site Quadrinhos de História e o blog Comedagi Danada!, dos historiadores Scabini e Bernard, que trazem tiras e charges inteligentes. No primeiro, você vai encontrar algumas tiras com: Marx e Engels, Princesa Isabel, Padre Anchieta, Leonardo da Vinci, além da série Aberlardo e Aquino. No blog do Scabini, o destaque fica por conta das tirinhas do Asmodeu, um diabo devoto.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Heróis Latino-americanos

“Difícil de contar, mas fácil de entender, a razão e a hora de quem vive um ideal”. Esse verso do músico gaúcho Nei Lisboa bem que sintetiza a história de vida de Ernesto “Che” Guevara. História essa que foi adaptada em formato de história em quadrinhos, num texto enxuto, mesclando ampla pesquisa e trechos do diário do próprio Che Guevara, pelo roteirista argentino Héctor Oesterheld, e ilustrada pelo magnífico pincel em preto-e-branco do mestre Alberto Breccia, junto com seu filho Enrique. Che – os últimos dias de um herói (La Vida del Che), lançamento da Conrad Editora no final do ano de 2008, é um clássico do quadrinho argentino e que depois de quarenta anos finalmente foi publicado no Brasil. Numa edição com capa dura, trazendo um prólogo do escritor argentino Ernesto Sábato e notas do editor Rogério de Campos, o leitor mergulha nos últimos meses da vida do Che, de 08 de maio a 07 de outubro de 1967, com entrecortes de flashbacks ao longo de toda a narrativa. Acompanhamos parte de sua infância, adolescência, estudos, namoros, a prática da medicina como uma forma de erradicar “os bracinho finos” que presenciava em cada vilarejo dos muitos países latino-americanos pelos quais passou, a militância política, o encontro com Fidel Castro, as vitórias, a noção de que a revolução só se faz dentro do homem até a sua morte pela arma de um soldado boliviano, em La Higuera. São oitenta e oito páginas, onde o pincel ora é mais sombrio ora mais ameno, mas sempre preciso. No entanto, levar a história do Che para os quadrinhos, em pleno regime ditatorial argentino, no ano de 1968, foi um risco enorme que Oesterheld e Breccia sabiam que estavam correndo. Praticamente quase toda a família de Oesterheld foi exterminada, incluindo o próprio roteirista. Só escaparam Elsa, sua esposa, e seu neto Martín. Em outro verso da mesma música do Nei Lisboa, há uma verdade amarga: “difícil de aceitar que o mal tenha o poder de escrever na história um final tão infeliz”. Che – os últimos dias de um herói narra a história de cinco heróis latino-americanos. Um deles é o Rogério de Campos, que foi o responsável pela primeira publicação de um trabalho do Oesterheld em solo brasileiro. Meus agradecimentos a todos esses homens que, apesar dos fortes óbices, não perderam a ternura jamais.

A revolta em prol da dignidade humana na Marinha

De persona non grata da Marinha brasileira a Herói da Pátria.

Noventa e sete anos se passaram para João Cândido Felisberto receber o reconhecimento merecido por ter liderado uma revolta cujo principal mote foi exigir que os marinheiros brasileiros fossem tratados como seres humanos. A Revolta da Chibata se deu em 22 de novembro de 1910, na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, terminando quatro dias depois, com a vitória dos marinheiros insurretos. Porém, para João Cândido, a Marinha reservou algo mais cruel, e fez de tudo para apagar o fato das páginas da História Oficial do Brasil.

A partir do ano de 2007, João Cândido voltou a fazer parte das manchetes de jornais. Além de ter uma estátua inaugurada no Museu da República, foi aprovado um projeto de lei, o qual determinou a inscrição do seu nome no Livro dos Heróis da Pátria. Contudo, apenas em 2008, a Marinha brasileira liberou os arquivos de João Cândido, e em maio desse ano, lhe foi concedida anistia post-mortem.

A justiça tarda, mas não falha. Nesse ínterim, o inocente come o pão que o diabo amassou.

A história de João Cândido também chegou às páginas de quadrinhos.

Os artistas cearenses Olinto Gadelha Neto (roteiro) e Hemeterio (desenhos) contam em Chibata! – João Cândido e a revolta que abalou o Brasil (Conrad Editora, 224 páginas, R$ 39,90), belíssima graphic novel em preto-e-branco, toda a trajetória do “Almirante Negro”, utilizando-se, em algumas passagens, de licenças poéticas.

A narrativa é entrecortada por flashbacks, indo e voltando no tempo, enfocando desde a infância de João Cândido, na província do Rio Grande do Sul, até a década de 1950, no Rio de Janeiro, quando o jornalista cearense Edmar Morel, após alguns anos de pesquisa, coleta material para lançar o livro A Revolta da Chibata (1959).

O lápis de Hemeterio (que trabalhou muito bem as rachuras) traduz o roteiro, com estética cinematrográfica, de Olinto, fazendo-nos emocionar com o simples marujo negro, que se tornou um dos verdadeiros grandes heróis desse Brasil, tão carente de uma liderança firme, tranqüila e honesta; alguém que soube valorizar os seus e sua causa (justa), mesmo que sangue precisasse ter sido derramado.

Para quem curte História do Brasil revisitada ou para quem quer ler uma boa HQ Histórica, Chibata! é a pedida.

Sem sombra de dúvidas, é o lançamento nacional do ano.

Texto publicado no e-zine Asfixia, em 1° de novembro de 2008.

2009 de cara nova

Entrou o ano de 2009 e eu senti que o blog precisava ser redefinido. Estou colaborando com dois e-zines, Asfixia e Disruptores, e o escritor e publicitário Patrício Junior me convidou ontem para colaborar com o seu Plog. Nem precisa falar que eu estou escrevendo muito, não é mesmo? Costumava ser verborrágica, mas ultimamente meu poder de síntese insiste em aflorar nos meus escritos. Anos escrevendo poemas e contos fazem isso com a gente, podem crer. Bom, sem mais blá, blá, blá, irei postar aqui alguns textos de HQs que li recentemente e sinto a necessidade de fazer com que outros leiam também. Espero que vocês curtam. So say we all!