sábado, 7 de março de 2009

Quando pensei em escrever esse texto, estava com vergonha de confessar que nunca havia lido quadrinho algum do Conan e nem trabalhos de seu criador, Robert E. Howard. Porém, logo no prefácio de Conan: nascido no campo de batalha, o desenhista Greg Ruth o fez. Pronto, era tudo o que eu precisava para admitir também a minha falta.

A edição de luxo (leia-se capa dura e papel couché com gramatura alta) que a Mythos lançou no mês de janeiro de 2009, uma compilação do arco Nascido no campo de batalha, que a mesma editora já havia publicado em capítulos esparsos nas revistas mensais Conan – o cimério (especificamente os números 0, 8, 15, 23, 45 e 46), foi um presente tanto para leigos como eu quanto para fãs do “bárbaro” mais audacioso da nona arte.

Nesse referido arco, Kurt Busiek demonstra um conhecimento amplo e preciso da cronologia de Conan (ele foi buscar referências até nas correspondências de Robert E. Howard), tanto que tomou a iniciativa de pensar em histórias da infância do personagem, nunca antes escritas. Greg Ruth, apesar de não estar familiarizado com os reinos da Hiperbórea, da Ciméria, da Aquilônia, de Khitai, ou com as disputas entre vanires e aesires, deixou-se guiar por Busiek e fez belas homenagens a John Buscema e a Frank Frazetta (há cenas onde Frazetta transborda e emoldura a violência), desenhando e pintando cada página com esmero absoluto, fazendo o arco e a parceria já nascerem clássicos.

A história começa muitos anos depois de Conan ter existido, elevando-o à condição de “lenda” (que é justamente o título do prólogo), quando um príncipe e sua corte peregrinam por terras inóspitas e se deparam com uma escultura de Conan. Eles estranham o fato de a estátua ter um semblante tão diferente de outros soberanos e o príncipe exige que o Wazir pesquise os antigos manuscritos para lhe falar sobre aquele homem retratado na pedra e o seu tempo de glória. A partir desse momento é narrada uma parte da infância e da adolescência de Conan. Ficamos sabendo em que condições ele nasceu, como desde pequeno ele impressionava as outras crianças e já emanava características de liderança, quem era o seu rival dentro da aldeia, quem foi o seu primeiro amor e a primeira vez que ele matou outro homem, além da sua relação com o seu avô, Connacht, o qual lhe contava muitas das suas aventuras de quando era um jovem guerreiro.

Em Nascido no campo de batalha a sensibilidade e a frieza das cenas de confronto, tanto em pequena quanto em grande escala, não podem ser separadas. Há beleza na rudeza de ser do guerreiro bárbaro.

Busiek e Ruth nos mostram que os olhos e as mãos que presenciam a plena ferocidade humana dilaceram-se internamente e preferem se isolar para não ter que expor a sua fragilidade (é, são as responsabilidades que o “poder” acarreta, mas que ninguém nasce psicologicamente preparado para encarar, inicialmente, de peito aberto); isso, ambos os quadrinistas já haviam enfocado em trabalhos anteriores, como Superman: identidade secreta (Busiek) e Aberrações no Coração da América (Ruth).

Para meu primeiro contato com as aventuras de Conan, não poderia pedir cicerones melhores.

A caprichada edição brasileira ainda traz um prefácio do desenhista Greg Ruth (no qual ele conta que passou horas assistindo ao History Channel, leu Tolkien, Robert E. Howard e muitas HQs do Conan para não fazer feio e compensar a sua pouca bagagem no gênero espada e magia) e uma entrevista exclusiva do editor Fernando Bertacchini com Kurt Busiek, além de inúmeros esboços e desenhos inéditos de Ruth para Conan.

domingo, 1 de março de 2009

Bienal do Livro de Natal trará Mauricio de Sousa

A Bienal do Livro de Natal, que será realizada de 02 a 10 de outubro desse ano, terá algumas novidades. A primeira delas diz respeito ao local onde serão montadas as tendas e os estandes: a Praça Cívica da UFRN (palmas para a organização, que até que enfim escolheu um local mais democrático e menos abafado), e a segunda, mas não menos importante, é a participação de Mauricio de Sousa. Nós que apreciamos HQs, agradecemos, mas bem que a organização poderia trazer outros nomes do quadrinho nacional, como os gêmeos Bá e Moon, Olinto Gadelha e Hemetério (esses são vizinhos nossos), Shiko (tem uma porção de gente que gostaria de bater um papo com esse magnífico desenhista, que também é nosso vizinho), Fábio Lyra, Grampá, Daniel Esteves, Gian Danton, Wellington Srbeck, Octavio Aragão, Prof. Henrique Magalhães (também é nosso vizinho e é doutor em fanzine), etc. A lista é grande. Falta boa vontade.