sábado, 16 de maio de 2009

2ª Maratona de Oficinas de Desenhos em Histórias em Quadrinhos

De 15 até 30 de maio estarão ocorrendo oficinas de desenho, coordenadas pelos membros do GRUPEHQ, para auxiliar especialmente aos jovens artistas que queiram participar do Prêmio Moacy Cirne de quadrinhos.

Essas oficinas tem o apoio da Fundação José Augusto e são gratuitas.

O Prof. Luiz Elson solicita aos participantes a doação de HQs para a Gibiteca Potiguar.

Clique na imagem acima para saber todos os locais e datas das oficinas.

A partir do dia 15 até o final desse mês de maio, quem for ao Norte Shopping, em Natal, pode conferir vários trabalhos, entre eles, HQs, ilustrações e caricaturas, dos grupos Quadro a Quadro e Soluções Criativas.

A entrada é gratuita e os artistas estarão por lá, das 10:00 às 22:00, fazendo caricaturas pra quem quiser, por um preço bem em conta.

domingo, 10 de maio de 2009

Pratt e Manara: porque um bom roteiro faz a diferença

Boas histórias sempre ficam na lembrança.

Um bom argumento, que tem um roteiro bem trabalhado e um desenhista que dê vida ao preto e branco das palavras, é o ponto de partida para uma obra singular.

O traço limpo e perfeito de Milo Manara, desenhista italiano que sabe como poucos retratar a anatomia feminina nos quadrinhos, muitas vezes encobre roteiros fracos, como os da série O Clic e do álbum Kamasutra. Embora a maioria dos seus roteiros seja de conteúdo erótico, isso não implica que a trama deva ser constantemente meia-boca.

Manara torna-se excelente quando encontra parceiros que conduzam o seu lápis a caminhos mais ousados, como Federico Fellini, em Viagem a Tulum, Hugo Pratt, em Verão Índio e El Gaucho, e Alejandro Jodorowsky, na inacabada série Bórgia.

Verão Índio foi uma das primeiras parcerias entre Manara e Pratt, escrito, desenhado e pintado no início dos anos de 1980, para a revista Corto Maltese, e uma das obras mais poéticas e menos explícitas do quadrinho erótico mundial.

Recém relançado no Brasil pela editora Conrad (152 páginas, capa dura, papel couché colorido, R$ 49,90), Verão Índio era um dos álbuns mais requisitados por quem aprecia quadrinhos de arte, haja vista a sua tiragem estar esgotada há anos – do tempo em que a editora Martins Fontes apostava em bons quadrinhos –, além de a edição portuguesa da Meribérica aparecer em leilões, pela internet, a preços pra lá de salgados.

Quando o verão índio estava para chegar, os ânimos dos silvícolas norte-americanos ficavam mais exaltados. Isso levou um guerreiro índio e um holandês, ambos da tribo de Squando, a estuprarem uma jovem branca puritana, sobrinha de um pastor com reputação duvidosa, do vilarejo de Nova Canaã, na conturbada América do século XVII.

Essa sequência que abre a referida obra tornou-se clássica, toda em narrativa visual, cujo clímax é o barulho da espingarda de Abner, que atira duas vezes para matar e escalpelar os aproveitadores da sua amada.

A partir desse prólogo trágico, somos apresentados à “mulher-demônio”, a senhora Lewis, e aos seus outros filhos, os meio-irmãos de Abner.

Dos milharais, os índios da tribo de Squando veem o movimento na casa da senhora Lewis e resolvem partir para a desforra.

As cenas de luta entre índios e brancos são belíssimas, pois a aquarela de Manara dá um quê de requinte aos combates sanguinolentos.

E quando tudo parecia estar se resolvendo, velhos segredos são revelados e, dessa vez, os brancos expiam suas consciências pesadas.

O que é mais explícito em Verão Índio é a vergonha de um continente pela falsa moral de quem se dizia o “civilizador”.