terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Dos oito aos oitenta

Quem foi que disse que histórias em quadrinhos com animais fofinhos são exclusivamente leituras infanto-juvenis?

Tomo como exemplo as séries: Gon, Bone e Os Pequenos Guardiões, todas roteirizadas e desenhadas por seus próprios criadores.

Gon é um mangá de narrativa visual concebido a partir de 1991, por Masashi Tanaka, e conta com cinco tomos em preto e branco. Essa série ganhou importantes prêmios como o Ozamu Tezuka, em 1997, e os Eisner de Melhor Publicação de Humor, Melhor Artista e Melhor Publicação para o Público Jovem, em 1998. A Conrad Editora publicou, no Brasil, três tomos das aventuras desse dinossaurozinho irascível.

Não tem quem consiga ficar indiferente ao Gon, que em cada história convive com diversos animais, como pingüins, tartarugas e águias, sempre tentando ser aceito como um membro da família e protegendo os filhotes de hábeis predadores (sim, as histórias tem um certo nível de violência).

O lápis de Tanaka é tão realista que imprimi em nós a sensação de que aquele tiranossauro pode muito bem estar no alto de uma colina, no gelo polar ou no mar infestado de tubarões, em qualquer era geológica.

A série Bone, criação de Jeff Smith, é composta originalmente de 55 edições (no Brasil, a Editora Via Lettera publicou Bone – até o presente momento – em 12 álbuns e mais um especial, todos em preto e branco), tendo sido publicada entre 1991 e 2004, pela qual Smith ganhou os prêmios Harvey de Melhor Cartunista (nos anos de 1994, 1995, 1996, 1997, 1999, 2000 e 2003), e a série ganhou também os Harvey de Especial de Humor, em 1994, e de Melhor Coletânea (Bone: Complete Adventures), em 2004.

Bone conta a história de três primos bem distintos: Fone (o sentimental), Phoney (o capitalista) e Smiley (o bobalhão), que foram expulsos de Boneville e perambulam pelo mundo até que caem num vale, uma terra de contos-de-fada, e passam a interagir com uma princesa e sua avó, e até com dragões e ratazanas.

Jeff Smith desenvolveu um enredo aparentemente simples, que nos remete a romances de aventura e fantasia, como os de C.S Lewis e J.R.R.Tolkien, e fábulas à lá Irmãos Grimm. Seus personagens de traços arredondados cativam o leitor, convidando-o a participar da feira da primavera, da grande corrida das vacas e de uma conversa animada no Barrel Haven, além de rir à beça com a estupidez das ratazanas.

Pequenos Guardiões (Mouse Guard, no original) é a série sensação do momento, tendo ganhado os Eisner de Melhor Publicação Para Crianças e Melhor Republicação de Graphic Álbum, em 2008.

Criada por David Petersen, em 2006, Mouse Guard já conta com três arcos – Fall 1152, Winter 1152 e Black Axe 1099-1116, tendo o primeiro sido publicado aqui, em seis volumes coloridos e com papel couché, ao longo do ano de 2008, pela Conrad Editora.

A série mostra as aventuras dos ratinhos Saxon, Kenzie e Lieam, os quais fazem parte da Guarda, a elite militar que zela pela defesa de várias cidades e vilas medievais, cuja base é a fortaleza de Lockheaven.

As aventuras dos bravos ratinhos transmitem os valores da amizade, da lealdade, da honra, e da perseverança, contrastando-os com gestos menos nobres, como: traição, egoísmo e tirania, onde as palavras só aparecem quando há necessidade delas.

Nessas três séries citadas, apesar de o formato e o traço dos desenhos darem uma idéia de que são direcionadas apenas às crianças, na verdade são leituras que não tem prazo de validade ou uma idade específica para serem devoradas.

Para os marmanjos e as moçoilas que estiverem duvidando, é só arriscar uma folheada em qualquer uma delas. Não se surpreenda se você sair da comic shop com pelos menos dois volumes, de cada série, nas mãos.

2 comentários:

Nuno Amado disse...

Adoro o Bone!!!

Milena Azevedo disse...

Eu também! Na verdade, gosto dessas três séries, e também do Usagi Yojimbo, do Sakai.