domingo, 21 de junho de 2009

Porque ter um dedo a menos fez diferença

Rich Koslowski verbalizou o que quase todos nós sempre tivemos curiosidade em saber quando criança: por que os personagens animados da Disney e da Warner geralmente eram retratados com um dedo a menos nas mãos?

Narrado em forma de documentário sensacionalista para a TV, Três Dedos – um escândalo animado (140 páginas, P&B, R$ 39,90), de autoria do já citado Koslowski, lançado no mês de maio, pela Gal Editora, colhe depoimentos de vários “animados” aposentados, como Millie Marsupial, Engasginho, Janota Jr., Pernalouca, entre outros, sobre a meteórica carreira de Rickey Rat, capitaneado pelo cineasta e produtor Dizzy Walters, e o boato de um possível ritual a qual os animados deveriam ser submetidos caso desejassem o estrelato.

O roteiro é bem amarrado, fazendo uma paródia com o início da história da sétima arte, passando pela transição entre o cinema mudo e o falado, os estúdios que despontavam (“Warmer Brothers”, a MGM), os astros e estrelas, os casamentos arranjados, as ligações de alguns astros com a política e com as causas sociais, as primeiras animações e o boom de cartoons que surgiu entre as décadas de 1930 e 1960.

Ao longo da história, vamos deparando-nos com uma porção de referências, como cartazes de filmes dos Irmãos Marx e de Buster Keaton, audiências no Senado para averiguar o chamado “ritual” – que nos remetem à subcomissão de investigação do Congresso, pelas quais passaram as editoras de quadrinhos em meados da década de 1950, encabeçadas por Frederic Werthan, onde vários desenhistas, roteiristas e donos de editora foram convidados a prestar depoimento –, e os assassinatos de John Kennedy e Martin Luther King, e o suposto suicídio de Marylin Monroe, todos interligados ao apoio desses três aos “animados”.

Três Dedos ganhou o Prêmio Ignatz de Melhor Graphic Novel de 2002 e foi uma aposta certeira da Gal Editora, a qual teve como primeiro lançamento o álbum Filósofos em Ação, e que promete lançar outros títulos underground, para um público que curte HQs autorais e cabeça, com um leve toque de ironia. A editora já anunciou Box Office Poison, de Alex Robinson (o qual será batizado de Fracasso de Público) e Filósofos em Ação – vol.02, da mesma dupla do volume 1, Fred Von Lente e Ryan Dunlavey.

Há um vídeo que a Gal Editora disponibilizou no YouTube, apresentando o álbum.

Texto publicado no Asfixia, no dia 20 de junho de 2009.

2 comentários:

Nuno Amado disse...

Milena, não percebi se o livro era de de BD (HQ) ou apenas de testos escritos. Se for de BD não tens uma imagem interior que possas mostrar?

Milena Azevedo disse...

Oi, Nuno! Três dedos uma BD. Postei o vídeo que está no YouTube para que fique mais claro (muita gente está com essa sua dúvida).

Quanto à Encantarias, acho que Otoniel não recebeu o meu e-mail. Vou falar com ele pelo orkut.