
quarta-feira, 18 de março de 2009
The Spirit Reloaded

domingo, 15 de março de 2009
Botando um sorriso sob o capuz ou como Snyder vigiou bem os Watchmen

Qualquer apreciador da nona arte sabe que Alan Moore é sinônimo de detalhe e preciosismo. Até quem nunca leu uma HQ na vida já ouviu falar de Watchmen e tem noção de que é uma história complexa. Um fã de Alan Moore tem consciência de que os roteiros do “brujo” foram sofrivelmente adaptados para as telas de cinema – faço uma ressalva quanto à V de Vingança, que ficou um filme mediano muito mais pela atuação de Hugo Weaving do que pelas mãos dos irmãos Wachowski –, por isso o temor que se abateu sobre a adaptação de Watchmen foi geral. Eu diria que chegou mesmo até a ser uma espécie de histeria coletiva. Depois, com notícias, imagens e teasers aparecendo em tudo quanto era buraco na internet, formaram-se dois grupos: os que torciam o nariz cada vez mais e os que apostavam no trabalho de Zack Snyder. Confesso que eu particularmente queria ver Watchmen no formato minissérie para TV – ficaria redondinho –, mas o diretor de 300 sempre teve o meu voto de confiança, mesmo anunciando que não iria incluir Os Contos do Cargueiro Negro – uma HQ inserida nas páginas de Watchmen, uma das primeiras experiências de metanarrativa na arte seqüencial – no corte final que iria ser exibido no cinema.
Após uma espera tortuosa, com direito à pressão da FOX e tudo o mais, Watchmen – o filme estreia no mundo inteiro no dia 6 de março do presente ano. Eu esperei alguns dias para assistir ao filme devido a uma inflamação na garganta, aproveitando para reler a HQ nesse período. Porém, toda a espera foi recompensada, pois saí do cinema maravilhada – dentro do cinema, então, vocês nem imaginam qual era o meu estado –, novamente parabenizando “as mexidas” de Snyder, que soube fazer um apanhado quase perfeito da trama principal da história de Moore, alterando apenas algumas situações que apenas cabiam na mídia história em quadrinhos (como a questão de alterar cores quentes e cores frias nos requadros, como também cada início e final de capítulo serem simétricos).
Vou começar falando sobre as escolhas dos atores, nenhum deles uma grande estrela da sétima arte, que souberam entrar de cabeça nos personagens: Billy Crudup/Dr. Manhattan, Jackie Earle Haley/Rorschach, Patrick Wilson/Coruja, Jeffrey Dean Morgan/Comediante e Malin Akerman/Spectral, ficando um desempenho mediano apenas para Matthew Goode/Ozymandias. Os Minutemen também foram muito bem caracterizados e protagonizaram uma sequência que já virou clássica, mostrando a passagem de tempo entre as décadas de 1940 e 1980, nos créditos iniciais, ao som de The Times They Are A-Changin´, de Bod Dylan (um dos compositores citados por Moore dentro da obra). Até o vilão Moloch, interpretado por Matt Frewer, e o psicólogo negro que cuida do seu caso na prisão, Dr. Malcolm Long – que teve uma participação bem mais enxuta do que nas HQs – estavam perfeitos. Outra bola na cesta foi o visual do Dr. Manhattan, que apareceu nuzinho pelado sem pudor algum, tal qual a versão desenhada por Dave Gibbons.
Quanto à trilha sonora, muito bem escolhida, contendo inclusive algumas músicas mencionadas na HQ, como Unforgettable, de Nat King Cole (propaganda do perfume Nostalgia, de Adrien Veidt/Ozymandias) e You’re My Thrill, de Billie Holiday. Alguns fãs criticaram o fato de Snyder ter colocado Hallelujah, de Leonard Cohen, na cena de amor entre o Coruja e a Spectral, mas na minha opinião ficou perfeito, haja vista Laurie ter sido o amor platônico de Daniel, que finalmente conseguiu tê-la nos braços pra valer (inclusive, pela HQ, supõe-se até que ele era virgem). Outras escolhas certeiras foram as versões de duas músicas do Dylan: All Along The Watchtower, por Jimi Hendrix, e Desolation Row, pelo My Chemical Romance, fechando o filme com chave de ouro.
Snyder foi deveras cuidadoso com o detalhismo de Moore, e mesmo omitindo algumas passagens, como a história completa de Rorschach (mostrando como ele encontrou o tecido com o qual elaborou a sua máscara), a relação entre o jornaleiro, o menino que
Watchmen – o filme faturou 55,7 milhões de dólares em sua estreia nos EUA. O que é um bom começo.
Não sei se foi o filme que alguns fãs mais exaltados esperavam, mas foi o que Syner pode fazer e o que me deu um imenso prazer
Texto publicado originalmente no e-zine Asfixia, em 15/03/09.
sábado, 7 de março de 2009
Quando pensei em escrever esse texto, estava com vergonha de confessar que nunca havia lido quadrinho algum do Conan e nem trabalhos de seu criador, Robert E. Howard. Porém, logo no prefácio de Conan: nascido no campo de batalha, o desenhista Greg Ruth o fez. Pronto, era tudo o que eu precisava para admitir também a minha falta.
A edição de luxo (leia-se capa dura e papel couché com gramatura alta) que a Mythos lançou no mês de janeiro de 2009, uma compilação do arco Nascido no campo de batalha, que a mesma editora já havia publicado em capítulos esparsos nas revistas mensais Conan – o cimério (especificamente os números 0, 8, 15, 23, 45 e 46), foi um presente tanto para leigos como eu quanto para fãs do “bárbaro” mais audacioso da nona arte.
Nesse referido arco, Kurt Busiek demonstra um conhecimento amplo e preciso da cronologia de Conan (ele foi buscar referências até nas correspondências de Robert E. Howard), tanto que tomou a iniciativa de pensar em histórias da infância do personagem, nunca antes escritas. Greg Ruth, apesar de não estar familiarizado com os reinos da Hiperbórea, da Ciméria, da Aquilônia, de Khitai, ou com as disputas entre vanires e aesires, deixou-se guiar por Busiek e fez belas homenagens a John Buscema e a Frank Frazetta (há cenas onde Frazetta transborda e emoldura a violência), desenhando e pintando cada página com esmero absoluto, fazendo o arco e a parceria já nascerem clássicos.
A história começa muitos anos depois de Conan ter existido, elevando-o à condição de “lenda” (que é justamente o título do prólogo), quando um príncipe e sua corte peregrinam por terras inóspitas e se deparam com uma escultura de Conan. Eles estranham o fato de a estátua ter um semblante tão diferente de outros soberanos e o príncipe exige que o Wazir pesquise os antigos manuscritos para lhe falar sobre aquele homem retratado na pedra e o seu tempo de glória. A partir desse momento é narrada uma parte da infância e da adolescência de Conan. Ficamos sabendo em que condições ele nasceu, como desde pequeno ele impressionava as outras crianças e já emanava características de liderança, quem era o seu rival dentro da aldeia, quem foi o seu primeiro amor e a primeira vez que ele matou outro homem, além da sua relação com o seu avô, Connacht, o qual lhe contava muitas das suas aventuras de quando era um jovem guerreiro.
Em Nascido no campo de batalha a sensibilidade e a frieza das cenas de confronto, tanto em pequena quanto em grande escala, não podem ser separadas. Há beleza na rudeza de ser do guerreiro bárbaro.
Busiek e Ruth nos mostram que os olhos e as mãos que presenciam a plena ferocidade humana dilaceram-se internamente e preferem se isolar para não ter que expor a sua fragilidade (é, são as responsabilidades que o “poder” acarreta, mas que ninguém nasce psicologicamente preparado para encarar, inicialmente, de peito aberto); isso, ambos os quadrinistas já haviam enfocado em trabalhos anteriores, como Superman: identidade secreta (Busiek) e Aberrações no Coração da América (Ruth).
Para meu primeiro contato com as aventuras de Conan, não poderia pedir cicerones melhores.
A caprichada edição brasileira ainda traz um prefácio do desenhista Greg Ruth (no qual ele conta que passou horas assistindo ao History Channel, leu Tolkien, Robert E. Howard e muitas HQs do Conan para não fazer feio e compensar a sua pouca bagagem no gênero espada e magia) e uma entrevista exclusiva do editor Fernando Bertacchini com Kurt Busiek, além de inúmeros esboços e desenhos inéditos de Ruth para Conan.
domingo, 1 de março de 2009
Bienal do Livro de Natal trará Mauricio de Sousa

domingo, 8 de fevereiro de 2009
segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009
140 anos de Histórias em Quadrinhos no Brasil

Agostini, um rapazote italiano de dezesseis anos de idade, aportou
Isso fez com que Agostini criasse um hebdomadário satírio chamado Diabo Coxo, em 1864, inspirado em outros hebdomadários europeus e no famoso hebdomadário carioca Semana Ilustrada, fundado quatro anos antes, por Henrique Fleiuss.
O Diabo Coxo fechou suas portas em 1865, mas em 1866, Agostini já criava O Cabrião, que apesar da existência efêmera devido às perseguições e pressões que Agostini sofria porque que fazia um jornalismo sem rabo preso e sem papas na língua, em sua penúltima edição, a de número 50, do ano 1867, já trazia uma página com uma história chamada As Cobranças, a qual apresentava desenhos em sequência, emoldurados em requadros, com textos sob os desenhos.
Não vendo outra alternativa a não ser fugir para o Rio de Janeiro, Agostini parte e por lá também não consegue se conter por muito tempo. Cria e participa de vários hebdomadários satíricos, entre eles: O Arlequim (1867), Vida Fluminense (1868) e Revista Illustrada (1876), sempre fazendo caricaturas e charges mordazes, criticando principalmente os artistas Pedro Américo e Victor Meirelles, e todos os artistas, políticos, literatos e jornalistas brasileiros contrários às causas abolicionista e republicana.
Foi nas páginas do Vida Fluminense, inclusive, que ele deu vida ao primeiro personagem de história em quadrinhos do Brasil, chamado Nhô-Quim, numa história de página dupla chamada As Aventuras do Nhô-Quim ou Impressões de uma viagem à Corte, publicada em 30 de janeiro de 1869.
Antes do Nhô-Quim, podemos citar como personagens precursores das histórias em quadrinhos o suíço M. Vieux-Bois, de Rodolphe Töpffer (1827), e os encapetados Max und Moritz, do alemão Wilhem Busch (1865).
O Nhô-Quim era um rapaz que habitava uma província do interior do Brasil e que pela primeira vez ia ao Rio de Janeiro, sede da Corte, e se maravilhava – e se atrapalhava – com os costumes, os trejeitos e a vida nova que descobriu por lá. Foi um sucesso absoluto, sendo republicado bem depois nas páginas de O Malho.
No entanto, o sucesso maior ainda estava por vir. Em 1884, na Revista Illustrada, Agostini criou o primeiro fenômeno de mídia impressa nunca antes visto no Brasil. Foram as histórias de um personagem chamado Zé Caipora, cujo título era As Aventuras de Zé Caipora, com o qual Agostini fazia uma magnífica caricatura de costumes dos oitocentos tupiniquim.
O Zé Caipora foi um dos responsáveis pelas vendas extraordinárias da Revista Illustrada, que chegou a ter quatro mil assinantes – os analfabetos a compravam e se divertiam apenas vendo as imagens das histórias do Zé Caipora – e se manteve como um periódico independente até 1889 (não aceitava anúncios publicitários ou de membros da Corte), quando Agostini teve que fugir do Brasil por questões pessoais e a deixou sob o comando do também caricaturista Pereira Neto, o qual terminou desvirtuando a linha editorial concebida por Agostini, que por sua vez teve tanto desgosto de saber do ocorrido ao voltar ao Brasil, que vendeu a sua parte e fundou o Dom Quixote (1895).
Nos períodos
Agostini faleceu no dia 23 de janeiro de 1910.
A partir de seu trabalho, que não se resumiu apenas às caricaturas, charges e histórias em quadrinhos, haja vista o importante papel de Agostini como crítico de arte, outros artistas do traço foram surgindo, passando a tomá-lo como exemplo, estudando o seu traço e estilo, sendo J. Carlos um dos mais ilustres.
Nesse ano de 2009, comemoramos 140 anos de histórias em quadrinhos no Brasil. De lá pra cá, foram diversas publicações, com períodos áureos de produção e destaque para os artistas nacionais. Hoje o cenário está muito bom, com uma garotada que insiste em dizer a que veio, chamando a atenção até mesmo do país em que alguns dizem que as histórias em quadrinhos foram criadas, devido a um certo garoto amarelo.
Texto publicado dia 30 de janeiro de 2009, no Plog do Patrício Jr.
quinta-feira, 29 de janeiro de 2009
Sem palavras

Uma história em quadrinhos bem escrita não precisa necessariamente ter algum texto, seja ele em forma de recordatório ou balão, para ser compreendida.
Quando faço essa afirmação, também me coloco como uma leitora e pesquisadora que entende, assim como o Prof. Moacy Cirne, a calha/sarjeta como elemento fundamental dessa mídia, não o balão. A calha permite que o leitor construa a história – e dê seu próprio ritmo a ela – junto com o autor.
Os mais radicais vão me lembrar que as histórias em quadrinhos utilizam imagens e textos para passar uma mensagem, pois o texto vem, muitas vezes, como um reforço da própria imagem. Tudo bem. Às vezes é necessário se acrescentar palavras, mas às vezes não. Principalmente quando o roteirista é o genovês Giancarlo Berardi.
Berardi tem um estilo único. Seus roteiros são tão bem escritos e suas parcerias com desenhistas tão sintonizadas que terminam por sincronizar, de forma ímpar, a idéia da ação e a sua representação. E o parceiro mais longevo de Berardi é o desenhista Ivo Milazzo, seu conterrâneo.
Ao se ler os quatro volumes dos especiais de Ken Parker – Os Filhotes, A lua da magnólia em flor, Soleado e Pálidas Sombras –, lançados com tiragem limitada pela Cluq, entre 2007 e 2008 (cada um custando R$ 30,00), vivenciamos situações dramáticas tão intensas quanto uma peça de Shakespeare ou de Tennessee Williams, e filmes de Vittorio De Sica ou de John Ford.
Como na maioria das aventuras de Ken Parker, nem sempre o destaque fica sobre Rifle Comprido. Nessas quatro edições especiais (Os Filhotes já havia sido publicado com o título Os cervos, mas os outros três volumes eram publicações até então inéditas, no Brasil), é o romantismo quem dá o tom principal, por isso a natureza – fauna e flora – termina sendo a personagem central das histórias.
Todas as histórias são compostas por belíssimas imagens em aquarela, emulando poesia antitética entre os tons claros e suaves e a realidade das passagens retratadas. E as imagens bastam porque Milazzo consegue transmitir toda a emoção necessária a cada cena, tal qual Chaplin, que não precisava falar em seus filmes para se fazer entender.
Para se ler qualquer história da dupla Berardi e Milazzo o requisito é treinar não apenas o olhar, mas sim o coração.
terça-feira, 27 de janeiro de 2009
Dos oito aos oitenta

Quem foi que disse que histórias em quadrinhos com animais fofinhos são exclusivamente leituras infanto-juvenis?
Tomo como exemplo as séries: Gon, Bone e Os Pequenos Guardiões, todas roteirizadas e desenhadas por seus próprios criadores.
Gon é um mangá de narrativa visual concebido a partir de 1991, por Masashi Tanaka, e conta com cinco tomos em preto e branco. Essa série ganhou importantes prêmios como o Ozamu Tezuka, em 1997, e os Eisner de Melhor Publicação de Humor, Melhor Artista e Melhor Publicação para o Público Jovem, em
Não tem quem consiga ficar indiferente ao Gon, que em cada história convive com diversos animais, como pingüins, tartarugas e águias, sempre tentando ser aceito como um membro da família e protegendo os filhotes de hábeis predadores (sim, as histórias tem um certo nível de violência).
O lápis de Tanaka é tão realista que imprimi em nós a sensação de que aquele tiranossauro pode muito bem estar no alto de uma colina, no gelo polar ou no mar infestado de tubarões, em qualquer era geológica.
A série Bone, criação de Jeff Smith, é composta originalmente de 55 edições (no Brasil, a Editora Via Lettera publicou Bone – até o presente momento – em 12 álbuns e mais um especial, todos em preto e branco), tendo sido publicada entre 1991 e 2004, pela qual Smith ganhou os prêmios Harvey de Melhor Cartunista (nos anos de 1994, 1995, 1996, 1997, 1999, 2000 e 2003), e a série ganhou também os Harvey de Especial de Humor, em 1994, e de Melhor Coletânea (Bone: Complete Adventures), em 2004.
Bone conta a história de três primos bem distintos: Fone (o sentimental), Phoney (o capitalista) e Smiley (o bobalhão), que foram expulsos de Boneville e perambulam pelo mundo até que caem num vale, uma terra de contos-de-fada, e passam a interagir com uma princesa e sua avó, e até com dragões e ratazanas.
Jeff Smith desenvolveu um enredo aparentemente simples, que nos remete a romances de aventura e fantasia, como os de C.S Lewis e J.R.R.Tolkien, e fábulas à lá Irmãos Grimm. Seus personagens de traços arredondados cativam o leitor, convidando-o a participar da feira da primavera, da grande corrida das vacas e de uma conversa animada no Barrel Haven, além de rir à beça com a estupidez das ratazanas.
Pequenos Guardiões (Mouse Guard, no original) é a série sensação do momento, tendo ganhado os Eisner de Melhor Publicação Para Crianças e Melhor Republicação de Graphic Álbum, em 2008.
Criada por David Petersen, em 2006, Mouse Guard já conta com três arcos – Fall 1152, Winter 1152 e Black Axe 1099-1116, tendo o primeiro sido publicado aqui, em seis volumes coloridos e com papel couché, ao longo do ano de 2008, pela Conrad Editora.
A série mostra as aventuras dos ratinhos Saxon, Kenzie e Lieam, os quais fazem parte da Guarda, a elite militar que zela pela defesa de várias cidades e vilas medievais, cuja base é a fortaleza de Lockheaven.
As aventuras dos bravos ratinhos transmitem os valores da amizade, da lealdade, da honra, e da perseverança, contrastando-os com gestos menos nobres, como: traição, egoísmo e tirania, onde as palavras só aparecem quando há necessidade delas.
Nessas três séries citadas, apesar de o formato e o traço dos desenhos darem uma idéia de que são direcionadas apenas às crianças, na verdade são leituras que não tem prazo de validade ou uma idade específica para serem devoradas.
Para os marmanjos e as moçoilas que estiverem duvidando, é só arriscar uma folheada em qualquer uma delas. Não se surpreenda se você sair da comic shop com pelos menos dois volumes, de cada série, nas mãos.
domingo, 25 de janeiro de 2009
O Teste (HQ de duas páginas)


sexta-feira, 23 de janeiro de 2009
Tiras históricas




quinta-feira, 22 de janeiro de 2009
Heróis Latino-americanos

A revolta em prol da dignidade humana na Marinha

De persona non grata da Marinha brasileira a Herói da Pátria.
A partir do ano de 2007, João Cândido voltou a fazer parte das manchetes de jornais. Além de ter uma estátua inaugurada no Museu da República, foi aprovado um projeto de lei, o qual determinou a inscrição do seu nome no Livro dos Heróis da Pátria. Contudo, apenas em 2008, a Marinha brasileira liberou os arquivos de João Cândido, e em maio desse ano, lhe foi concedida anistia post-mortem.
A justiça tarda, mas não falha. Nesse ínterim, o inocente come o pão que o diabo amassou.
A história de João Cândido também chegou às páginas de quadrinhos.
Os artistas cearenses Olinto Gadelha Neto (roteiro) e Hemeterio (desenhos) contam em Chibata! – João Cândido e a revolta que abalou o Brasil (Conrad Editora, 224 páginas, R$ 39,90), belíssima graphic novel em preto-e-branco, toda a trajetória do “Almirante Negro”, utilizando-se, em algumas passagens, de licenças poéticas.
A narrativa é entrecortada por flashbacks, indo e voltando no tempo, enfocando desde a infância de João Cândido, na província do Rio Grande do Sul, até a década de 1950, no Rio de Janeiro, quando o jornalista cearense Edmar Morel, após alguns anos de pesquisa, coleta material para lançar o livro A Revolta da Chibata (1959).
O lápis de Hemeterio (que trabalhou muito bem as rachuras) traduz o roteiro, com estética cinematrográfica, de Olinto, fazendo-nos emocionar com o simples marujo negro, que se tornou um dos verdadeiros grandes heróis desse Brasil, tão carente de uma liderança firme, tranqüila e honesta; alguém que soube valorizar os seus e sua causa (justa), mesmo que sangue precisasse ter sido derramado.
Para quem curte História do Brasil revisitada ou para quem quer ler uma boa HQ Histórica, Chibata! é a pedida.
Sem sombra de dúvidas, é o lançamento nacional do ano.
Texto publicado no e-zine Asfixia, em 1° de novembro de 2008.